A sociedade passa por um grave momento nunca antes visto. Não bastasse o mundo ser assolado por uma pandemia de proporções planetárias, a COVID-19, a deterioração das relações de trabalho, a degradação intensa de perspectivas educacionais, um desenvolvimento tecnológico cada vez mais desprovido de carácter humanista e uma racionalidade política acrítica e anti-democrática se colocam em termos alarmantes. Essa realidade exige de pesquisadores e estudiosos compromissados com princípios emancipatórios uma posição crítica ao que configura-se como 'um dos momentos sociais mais caóticos da história. O sistema capitalista se consolida cada vez mais rumo à concentração financeira ao tempo que a miséria humana e material prossegue agressivamente amparada por setores econômicos conservadores com tendências fascistas e desumanas. Assim, e essas modificações no mundo do trabalho, aliadas ao desenvolvimento intenso da racionalidade são elementos de barbárie primordiais para a compreensão do cenário atual. Essa racionalidade resulta de dinâmica social mediada por ações imediatistas, acríticas, pragmáticas; se materializa de modo fragmentado compondo um todo institucional que compõem política, economia e cultura mediante relações de trabalho adoecidas e alienadas. Não por acaso, o sofrimento, devido ao processo de regressão social frente às relações alienadas de produção na sociedade é fonte de alerta dos frankfutianos Adorno e Horkheimer (1985), para quem o rumo do progresso tecnológico compele o sujeito para a desumanização. Assim, esta obra, "Trabalho, racionalidade e adoecimento" pretende abordar essas contradições em diálogo amplo e multidisciplinar como contribuição para a resistência a este tempo dramático.