Chegamos ao século XXI e assistimos, surpresos, a uma reviravolta no
campo do trabalho. O trabalhador agora tem que lidar constantemente
com expressões como trabalho intermitente, fim do emprego, automação do trabalho, Inteligência Artificial, Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), o que vem gerando profundas mudanças na relação homem-trabalho. Pensando nisso, este estudo foi organizado a partir de temas que pudessem abrir espaço para uma reflexão sobre o trabalho e suas nuanças em vigor no mundo contemporâneo. Nesse sentido, procuramos discutir acerca da inclusão social da “loucura” e o mercado formal de trabalho. Procuramos inicialmente problematizar os agenciamentos discursivos que se apoderaram do fenômeno da loucura ao longo da história – tanto para justificar práticas violentas e segregacionistas quanto para determinar o lugar social a ser ocupado pelos “loucos”. Em seguida, colocamos em pauta a experiência da autora em um projeto pioneiro de inclusão social pela via do trabalho
formal, o Projeto Gerência de Trabalho (PGT), o qual se apresenta
como modelo de uma nova prática de cuidados no campo da saúde mental,
cujo objetivo é o estabelecimento de condições de acesso e
permanência de pessoas com transtorno mental no mercado formal de
trabalho. Nessa direção, apresentamos também a discriminação racial
como uma forma de violência que ainda assombra o mundo do trabalho, e
que vem se perpetuando historicamente no mercado de trabalho
brasileiro, deixando à margem do trabalho pessoas que poderiam contribuir com o processo produtivo, mas deixam de fazê-lo por conta de uma longa trajetória de descaso e preconceito em relação à pessoa negra. Na sequência, convidamos para uma reflexão sobre a morfologia do trabalho que vem se desenhando a partir das ofensivas neoliberais, no Brasil, a partir de 2016, quando governos alinhados com projetos civilizatórios do capital passaram a comandar mudanças radicais no mundo do trabalho. Mas, é preciso um