Obra inédita no país, a publicação do Tratado sobre a Unidade do Intelecto de Alberto Magno preenche importante lacuna no estudo da filosofia medieval. Ainda mais interessante esta edição por colocar, frente a frente, os textos em latim e português, cuja tradução foi elaborada pelo prof. Dr. Matteo Raschietti, da Universidade Federal do ABC (UFABC).
A investigação filosófica sobre a natureza do intelecto, no século XIII, foi um lugar de pesquisa apaixonada e de debate acalorado que, junto com a recepção de novas categorias conceituais, ensejou contraposições que se prolongaram nas épocas sucessivas. Entre inúmeros estudos e modelos, dois destaques: o modelo fiel à psicologia aristotélica, que considera a alma como forma do corpo e que, enquanto tal, está submetida à mesma corrupção; no lado oposto, o modelo platônico, caracterizado por um dualismo antropológico radical: a alma humana é princípio de vida incompatível com a morte, totalmente isenta da corruptibilidade da matéria, autossubsistente e imortal. A contribuição que Alberto Magno oferecerá a este debate constituirá o argumento específico do De unitate intellectus.
O dominicano Alberto Magno (Albrecht Von Bollstädt), conhecido ainda em vida como Doctor universalis e Doctor expertus (chegando a ganhar o epíteto Magnus quando idoso), teve um papel central na discussão acerca da unicidade ou pluralidade do intelecto possível para toda espécie humana, ao lado de outros pensadores como o confrade Tomás de Aquino e o mestre da Faculdade de Artes de Paris Síger de Brabante. Nascido na Alemanha (circa 1200), o dominicano Doctor Universalis concluiu a redação do De unitate intellectus em 1263. Morreu em 1280, foi canonizado em 1931, quando recebeu o título de Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI.
Esta edição traz estudo introdutório, o texto em latim estabelecido na Opera Omnia, a tradução do prof. Raschietti com notas explicativas e uma tabela cronológica com o estágio atual das pesquisas sobre a vida e a obra de Alb