A íntegra da peça que revolucionou a dramaturgia brasileira nos anos 70 Poder ler o texto impresso agora é uma oportunidade de entrar na intimidade desse acontecimento. Analisar a curva que vai do Oswald via Oficina até a TV de Guel Arraes, passando pelo teatro besteirol. Para mim é uma emoção renovada e uma celebração - Caetano Veloso Em 1974, Hamilton Vaz Pereira criou o grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone. Uma troupe que sacudiu o panorama teatral dos anos 70 e revelou uma safra de novos talentos como Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Patrícia Travassos, Evandro Mesquita, Prefeito Fortuna, Nina de Pádua e Fábio Junqueira. Trinta anos depois, este premiado diretor e dramaturgo decide publicar a íntegra da revolucionária Trate-me Leão, a primeira peça da trilogia do Asdrúbal. Um texto que se tornou um marco na dramaturgia brasileira, expressou os temas e os tons da geração que saía da adolescência nos anos 70 e, influenciando-a, definiu uma atitude frente à vida e à representação. O livro apresenta depoimentos de Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães e do próprio Hamilton, que revelam as histórias, as dificuldades, e os anseios de uma turma disposta a conhecer sua potência criadora e testar o tamanho de sua vocação sabendo que trilhava um caminho singular, sem mestres, mapas e bússolas confiáveis. Produzido de forma original, o texto da peça permanece vivo e atual. Como bem define Caetano Veloso na orelha do livro ainda hoje, ouvem-se seus ecos no teatro, na televisão, no cinema, na canção popular, nas escolas, nas casas, nas ruas. Era mesmo uma vontade do teatro sair do teatro. Irreverente e divertido, Trate-me Leão fala sobre uma turma de jovens que sonhavam em sair de casa, ganhar o mundo e realizar os desejos mais loucos. Hoje, gosto de pensar que nossa equipe de comediantes, durante dez anos de existência, soube transmitir ao seu público a alegria de viver, um querer bem ao teatro, uma profunda animação terrestre e um sagrado sim ao que existe de grande e pequeno , conclui Hamiton Vaz Pereira.