A partir das vozes da jovem e ancestral escrita indígena, Sueli de Souza Cagneti e Alcione Pauli propõem trilhas, neste trabalho inédito, para abordar a questão da literatura indígena na escola. São vozes jovens porque, como movimento organizado, tomaram corpo somente em 2004, mas são também ancestrais, pois as memórias desses escritores estão conectadas com suas histórias – que, passadas de geração em geração, garantiram sua presença através da oralidade.
Embasadas na Lei n. 9.394, que trata da obrigatoriedade do ensino da cultura e da literatura indígena nos currículos escolares, as autoras buscam contribuir com o difícil processo de apropriação da leitura, da literatura e da reflexão sobre essa escrita, cujos parâmetros e olhares são muito diversos dos ocidentais.
Para tanto, num diálogo descontraído, transitam no campo literário, organizando um bloco de histórias que contam um mito sob vários pontos de vista; conversam sobre o que é um mito, sobre a trajetória de um herói e sobre como ele se constrói. Partilham leituras de livros que remetem a outras obras de arte, priorizando, entre elas, o que entendem ser o ponto comum às escritas de vários povos indígenas. Lembram a infinidade de etnias aqui presentes, com todas as suas semelhanças e diferenças, seja na língua, nos ritos, nas guerras, nas pinturas corporais ou no relacionamento com outros grupos.