Através do romance A Tróia de Aquiles - O mito pela visão do herói, Fernando Carneiro coloca em evidência Aquiles, narrador da história, de uma forma mais realista e atual, enfatizando seus conflitos internos. Nesse contexto, o autor procura estimular o leitor a identificar em si os conflitos que afligem a humanidade em todas às épocas. Seja o leitor um amante, um iniciado ou totalmente leigo à mitologia e cultura grega, a obra é narrada numa linguagem acessível que garante o entretenimento. Fiel ao poema épico, A Tróia de Aquiles abrange dados e pormenores geográficos, históricos, culturais e filosóficos que descrevem com fidelidade os modelos de conduta e os valores morais da sociedade na época. Porém, a originalidade do romance se evidencia ao apontar a semelhança dos conflitos vividos pelo herói épico e pelo homem contemporâneo. Entre os comportamentos citados destacam-se a busca da honra e excelência, a libertação dos laços maternos e suas expectativas elevadas, o esforço para a realização do destino, a preparação para viver uma vida a dois, entre outros. Com 128 páginas e ilustrações de Frederico Fonseca, A Tróia de Aquiles é dividida em três capítulos: A Ira, A Guerra e A Morte. Cada um aborda de forma específica os obstáculos que o herói deve superar para a conquista de uma identidade própria. A Ira retrata o conflito de poder entre Aquiles e Agamêmnon, comandante do exército Grego, e a luta de Aquiles para se libertar do desejo de sua mãe em torná-lo invulnerável. A Guerra retrata o duelo entre Aquiles e Heitor e o comportamento arrogante de Aquiles após a queda de seu maior oponente. A Morte traduz o preço que Aquiles paga quando acredita ser maior que os deuses. O romance tem um final trágico decorrente da soberba de Aquiles após acreditar que a conquista da glória entre os homens significava o final da jornada da alma. "Todas as pessoas vivem os mitos diariamente, mas existe um que predomina e é recorrente," argumenta Fernando Carneiro.