As Trovas populares brasileiras, reunidas com a ajuda de colaboradores em todas as regiões do Brasil, foram publicadas por Afrânio Peixoto com a intenção de ser a réplica, ou a continuação, das “mil trovas portuguesas” coletadas por Agostinho de Campos e Alberto d’Oliveira em Portugal.
Segundo Afrânio Peixoto, elas “contêm um estado fugitivo d’alma, um demorado aperto de coração, desejo, queixa, agrado, malícia, juízo... comunicados a outrem com sinceridade e com simplicidade.” As trovas são divididas em vinte e seis capítulos de acordo com o tema: “Cantos e descantes”, “Chiste e graça”, “Esperteza e bom senso”, “Esperanças e desejos”, “Céus e terras”, “Flores e frutos”, “Aves e bichos” etc. Mas o tema dominante, na maioria dos capítulos, é o amor, nas suas diversas facetas.
As trovas são poemas também chamados de quadras ou quadrinhas, e constituem a forma mais popular de poesia em língua portuguesa, com quatro versos de sete sílabas cada um, com pelo menos dois rimados. Segundo João Ribeiro, o metro da redondilha (de sete sílabas) é idiomático em português, e está presente nos insultos, preces e exclamações, como “grandissíssimo canalha”, “Nossa Senhora da Glória!”, “tenha santa paciência!”
Trata-se de uma obra de grande valor para compreender (vivenciando) o estado de espírito do brasileiro a partir da sua expressão poética mais difusa.