Twickenham, 1932. Um jornalista vindo de Lisboa apresenta-se em Fulwell Park, a residência de D. Manuel II, que há 22 anos vive no exílio, em Inglaterra. Apresenta-se ao monarca para o entrevistar e com o projeto de uma biografia nas maos. O rei recebe-o mas, embora visivelmente exausto, percorre memórias dia após dia, discute o presente com o visitante. Morre, contudo, inesperadamente, antes do trabalho concluído e nem a entrevista nem o livro chegam a ser publicados. Mais de oitenta anos depois, em 2016, um jovem português recebe um inesperado presente da dona da casa londrina onde está instalado: uma mala antiga cheia de papéis. A mala, explica-lhe a senhora, pertencera a um inquilino que habitara o mesmo quarto que ele agora ocupa. Era também português, fora ali para entrevistar D. Manuel II e acabara por acompanhar os últimos dias do antigo soberano. Naquela mala estao as memórias da etapa final da vida de um rei que recebeu o trono aos 18 anos, quando o pai e o irmao foram assassinados no Terreiro do Paço, em Lisboa, e que, dois anos e oito meses depois, foi derrubado pela revoluçao republicana. Afastado, atormentado pela saudade, encontrara nos livros e num trabalho feito entre hospitais durante a Grande Guerra o ânimo que os dias de céu cinzento e chuva nao lhe davam na regiao onde residia. Entre as memórias guardadas na mala está também a chave para a descoberta de uma personagem fascinante da qual aquele jovem, como tantos outros portugueses, sabem o nome mas, na verdade, mal conhecem.