Zbigniew Herbert era, além de poeta, um ensaísta incomparável. A solidez e clareza de sua prosa são um verdadeiro prodígio. Um bárbaro no jardim nos faz viajar pelas terras da Europa e sua história. É a erudição excepcional de Herbert — a sua voz hipnótica que carregará o leitor por Chartres, por Perúgia, por Jerusalém: «Só valem as cidades em que a gente pode se perder». Da precisão arquitetural dos dórios até o destino melancólico dos albigenses, passando pela beleza pré-histórica de Lascaux, pelas transformações da Arles de Van Gogh e Frédéric Mistral, pela Pinacoteca de Siena e pela genealogia dos templários, constrói-se aqui uma galeria dos mais singulares registros humanos ao longo da história. «Não há mais expressivo testemunho da durabilidade das obras humanas e do diálogo das civilizações do que encontrar de repente uma casa renascentista construída sobre os fundamentos romanos.» A minúcia do olhar de Herbert não deixa escapar qualquer detalhe daquilo que contempla; o poeta e ensaísta polonês vai em um piscar de olhos da sua fascinação por catedrais à arqueologia das artes locais. Das pinturas rupestres aos afrescos de Piero della Francesca, Zbigniew Herbert se dedica a uma só tarefa: dissecar a história do mundo pelo que ela tem de mais trágico e de mais encantador.