“Este belíssimo texto do autor argentino Mario Diament é inspirado na intensa e problemática relação amorosa vivida por uma das mais importantes pensadoras políticas do século XX, Hannah Arendt, e por Martin Heidegger, este considerado um dos grandes filósofos que o mesmo século produziu.Hannah, judia alemã, foi obrigada a fugir de seu país em 1933, quando da ascensão de Hitler ao poder; Martin, por sua vez, tornou-se, neste mesmo ano, reitor da Universidade de Freiburg e, em seguida, filiou-se ao Partido Nazista, nele permanecendo até o final da 2ª guerra mundial.As radicais diferenças políticas e existenciais protagonizadas por ambos não foram, entretanto, suficientes para dissolver o profundo laço amoroso que os uniu. O amor, tratado muito acertadamente pelo autor em sua dimensão de banalidade (referência, como sabemos, ao livro Eichmann em Jerusálem: um relato sobre a banalidade do mal, escrito por Hannah Arendt) é mostrado aqui como tendo a perturbadora propriedade de “banalizar” as diferenças, levando os amantes a viver uma tormentosa luta entre as suas respectivas crenças e o velho e banal desejo de unidade absoluta, este um dos muitos “engodos” próprios ao amor e à vida amorosa.”Jaime Leibovitch