O título do livro revela uma maneira singular de abordagem da trajetória de primeiras páginas. De sua invenção, no papel, até as home pages, assistimos a um movimento que vai do grito dos jornaleiros ao silêncio no jornalismo em rede. Os leitores vão cada vez menos às primeiras páginas para consumirem notícias, tanto em suas versões impressas quanto digitais. Por meio do estudo de 407 capas de cinco jornais na passagem do XIX para o XX e 939 posts compartilhados por três títulos nas redes sociais, a autora busca retratar estes dois momentos do jornalismo. Entrevistas com 28 jornalistas e incursões em redações revelam os esforços dos profissionais para driblar os algoritmos e fazer chegar o jornalismo aos leitores. As 407 primeiras páginas analisadas compreendem um período de 50 anos da imprensa brasileira, entre 1875 e 1925. Elas foram publicadas pelos títulos mais relevantes à época: Jornal do Brasil, O Paiz, Correio da Manhã, Gazeta de Notícias e O Estado de S. Paulo. Já os 939 posts pesquisados foram compartilhados pelos periódicos de maior penetração hoje: Folha de S. Paulo, O Globo, e O Estado de S. Paulo. A pesquisa rompe intencionalmente com a noção de linearidade temporal. Em vez de começos e fins, a história do jornalismo revela relações de força e revezes. A autora prefere refutar, portanto, visões fatalistas e aposta na sobrevivência da profissão.