Quando voltou do exílio, após a guerra civil, Ortega y Gasset fundou em Madri um Instituto de Humanidades, cuja inauguração foi celebrada por um curso seu, de doze aulas, em que se propunha a expor e analisar a obra de Arnold Toynbee, e oferecer uma nova interpretação da história universal. O que ele empreendeu, na verdade, foi uma crítica avassaladora do historiador inglês, na mesma medida em que oferecia a sua própria doutrina a respeito da ciência histórica, com uma viva descrição da evolução dos povos, e muito especialmente do Império Romano, em aulas que foram, segundo ele mesmo “das mais densas que já se deu em qualquer lugar”.“A erudição, ou seja, a papelada dos arquivos, a publicação de documentos, a edição de textos antigos escrupulosamente repristinados, é imprescindível para a história, mas ainda não é história, porque esta consiste precisamente em entender as realidades humanas a que esses documentos aludem, e que esses próprios documentos são. [...] Essa intelecção supõe possuir toda uma sorte de difíceis teorias, umas fundamentais e outras instrumentais, sem as quais não há história. Por isso a história é ainda uma ciência adolescente, que com freqüência balbucia. Mas, sendo ela, por antonomásia, a ciência do homem, e entrando este agora numa etapa sobremaneira crítica de seus destinos, temos o dever de fazer um esforço enérgico e peremptório para transformá-la numa ciência adulta.”