Neste livro, partilhamos duas inquietações com os leitores das Humanidades e das Ciências Sociais: Existe um mediador primordial para uso na investigação e na exposição cientificamente controladas sobre a experiência das pessoas no tempo? O que a maioria dos historiadores quer dizer quando afirma que o bom uso do “método histórico” é a maior garantia de validade para os resultados da sua pesquisa?
As respostas que apresentamos a seguir estão baseadas na abordagem compreensiva da matéria, o que implica admitir a busca do “ser” do método histórico unicamente em sua historicidade. O método sempre “vem sendo” esse ou aquele conjunto de valores, procedimentos e conhecimentos que os historiadores têm mobilizado para resolver problemas cognitivos, damandados no seu dia a dia. As teses que adiantamos sobre o significado de método histórico, contudo, podem ser decepcionantes, inicialmente. Mas ampliam a nossa autonomia para defender as prerrogativas da Ciência Histórica como um dos mais abalizados campos de investigação acerca da representação e dos usos do passado.
Aqui, declaramos que o “método histórico” não é gestado ou consolidado no período 1870-1930, diferentemente do que lemos em manuais de História da Historiografia, de Teoria ou de Metodologia Histórica. O que os historiadores experimentaram nesse período foram “métodos históricos” e, consequentemente, uma pluralidade de discursos sobre o “dever ser” do conhecimento histórico verdadeiro. Os veiculadores desses métodos – manuais produzidos, dominantemente, em instituições de ensino superior –, as palavras designadoras do methodus, as coisas que os vêm realizando e os critérios de validação das proposições geradas na investigação e na exposição históricas são os temas sobre os quais discorremos nesta obra. Itamar Freitas.