Se Lutero se via desesperado por encontrar-se com um Deus que lhe revelasse benignidade, o ser humano moderno parece ter em seu horizonte, outras preocupações. Datado e localizado, Lutero encorporava o que acontecia de modo generalizado ao ser humano medieval: o temor diante das adversas circunstâncias que lhe faziam frente. O imaginário religioso deste período não parecia compreender plenamente o Deus terno e rico em misericórdia pregado por Jesus Cristo, o que tornava a proclamação em torno da justificação um anúncio potente e necessário. Entretanto, o que dizer de um momento histórico no qual as pessoas se sentem, de múltiplas maneiras, "libertas"? Estaria a doutrina da justificação ultrapassada, como um item de museu fadado ao desuso? Ou a teologia deveria reconhecer as lacunas a nos separar em termos de tempo e espaço das gerações que nos antecederam para, então, atualizar a revelação divina, tornando-a novamente significativa? Com o intuito de responder a tal questionamento, Levy Bastos nos guiará através da percepção acerca da justificação no Primeiro Testamento, caminhando rumo aos evangelhos e finalmente, aos escritos paulinos. De maneira brilhante, oferecerá, em um segundo momento, um breve panorama histórico-dogmático das discussões concernentes a esta doutrina, explicitando suas polêmicas e embates. Mas a empreitada de conhecimento proposta pelo autor ainda segue demonstrando o vínculo entre o sofrimento expresso na cruz de Jesus Cristo e os vários males do mundo. De que modo este primeiro contribui para a libertação de todos os outros? Finalmente, adentramos o estado da pessoa justificada como aquela que se coloca no seguimento do amor apaixonado de Deus em profunda demonstração da empatia que só podem experimentar aqueles que são justificados. Um exercício teológico de reflexão e apropriação daquela que é uma das mais provocadoras percepções bíblicas: a justificação pela fé!