Uma sociedade doente, nono livro de Rafael Moia Filho, procura na medida do possível traçar linhas que possam explicar parcialmente, ou quem sabe na totalidade, um pouco do que vivemos em sociedade neste país imenso, conflituoso e desigual, que apesar de possuir tantas belezas naturais, de ter uma parcela considerável de habitantes imbuídos de fazer o certo, são obrigados a conviver com os que acreditam que devem levar vantagem em tudo. Da sonegação de impostos ao desrespeito pelas leis, ordem e pessoas. Um país em que Everardo Maciel escreveu seu “Desagravo às jabuticabas”, associando a metáfora ao não menos famoso “complexo de vira-latas”, descrito por Nelson Rodrigues, para tipificar nosso arraigado complexo brasileiro de inferioridade. Disse Everardo Maciel: “É irracional não acolher experiências bem-sucedidas de outros países, tanto quanto é medíocre e ingênuo refugar soluções apenas porque são, na versão difamatória, jabuticabas”. Porém, além de buscar origens e justificativas para certos comportamentos da nossa gente, é preciso mostrar algumas coisas que são incompatíveis em qualquer época da nossa existência, em especial no decorrer do século XXI. Coisas que chocam quem as desconhece e imagina impossível elas acontecerem num país abençoado por Deus, sem guerras, sem grandes desastres naturais. Trazê-los aqui faz parte de uma busca por conscientização e reflexão sobre com quem vivemos, onde e como no meio de uma sociedade pluralista, miscigenada, heterogênea e que sem perceber herdou muito do que aconteceu centenas de anos atrás em solo tupiniquim.