Urbis Brasiliae faz avançar as fronteiras do conhecimento em arquitetura, fortalece a arquitetura como disciplina científica, com legítimo lugar no panteão das ciências humanas. Contribui no campo empírico e no teórico-metodológico. No primeiro, coloca-se uma ambiciosa pergunta: há um tipo “cidade brasileira”? No segundo, explora a Teoria da Sintaxe Espacial (ou Teoria da Lógica Social do Espaço), e o faz criticamente, ao inovar conceitos e categorias analíticas. A exploração leva a um resultado surpreendente: as cidades brasileiras são as mais fragmentadas do mundo. Apresentam-se em “colcha de retalhos”, um padrão labiríntico que dificulta a mobilidade interpartes e a apreensão do todo. Mas há um oásis no labirinto – “os centros antigos são frações privilegiadas onde estão cristalizados atributos da forma-espaço promotores de uma melhor apreensão espacial [...]. O centro antigo que, ainda que modorrento, há de ser insurgente”. O trabalho é rico em conteúdo e forma. Na labuta para identificar a “personalidade” da cidade brasileira, o autor nos conduz a fascinante passeio mundo afora. Entende que a identificação de um tipo exige trabalho comparativo árduo, para realçar-lhe os atributos. Entretanto, o que poderia resultar em discurso indigesto, é uma aprazível leitura. O livro mexe com as fronteiras, e faz avançá-las.