Bernardo Sorj une biografia e história, aventura e reflexão em uma narrativa que faz um passeio ao seu passado. Vai embora da casa de teus pais – determinação bíblica, na qual Deus diz a Abraão para sair de seu lar e de sua terra natal – relata aventuras pessoais e coletivas e apresenta reflexões sobre as ilusões, os equívocos, os acertos e principalmente sobre a riqueza de uma época na qual os jovens acreditavam ser possível uma transformação radical da sociedade.Sorj resgata lembranças sobre uma Israel onde a luta pela paz une jovens latino-americanos, árabes e judeus israelenses e sobre um encontro com Darcy Ribeiro no Uruguai, quando o antropólogo, exilado, mostrou-se fascinado com um movimento brasileiro de jovens sionistas-revolucionários que, por seus próprios meios, se ramificava por outros países da região. Em algumas passagens, ele lança luz sobre a visão dos judeus sobre eles mesmos. “Diferentemente da religião, da qual a maioria dos jovens se afastava, Israel se transformou em um valor comum entre pais e filhos. Certamente havia diferenças. Para os pais, a existência do Estado de Israel era vivida como um milagre, um fenômeno quase religioso. Para a maioria dos jovens, o sionismo era uma ideologia secular, uma alternativa à visão religiosa e resignada do mundo (...)”, relata Sorj.O autor nascido no Uruguai nos ensina que “A Bíblia conta que o início da história de um povo, no caso, os hebreus, começa com a saída da casa dos pais. No texto bíblico, Deus ordena a Abraão: ’sai (lech lecha) de tua terra, de teu ambiente natal e da casa de teu pai’. Uma tradução possível de Lech lecha é ‘anda a ti’, vai encontrar a ti mesmo. Todo começo de um novo caminho exige o rompimento com o lar onde se nasceu. Mas todo rompimento, por mais radical que se queira imaginar, não deixa de ser cheio de continuidades, ainda que seja pelo simples fato que ele é construído como uma reação ao passado.”