Wilians Baptis define Valet de chambre como um “suspense utópico em que os espectadores não criam expectativas, mas sim, vivem na impaciência nada resoluta da realidade de cada um”. A transição entre a Monarquia e a República fez com que as etnias se misturassem, aumentando ainda mais as diferenças por conta do racismo, do orgulho e do preconceito. Nem mesmo a construção de uma ponte que simbolizava a liberdade de ir e vir das pessoas, foi capaz de derrubar o muro constante entre elas. O Viaduto do Chá, cartão-postal da cidade de São Paulo era o símbolo de uma nova sociedade progressista construída com cidadãos de uma comunidade baseada no retrocesso da solidariedade. Foi ali no centro da metrópole que os barões do café, do chá e da uva deram lugar ao rei republicano do tabaco. Wilians Baptis mistura sonhos reais com verossimilhanças simuladas entre coadjuvantes e protagonistas, não necessariamente nesta ordem. Às vezes torna-se necessário, ser sentinela de si mesmo para guardar outrem na caserna da vida em meio às ruas da cidade. Recém-chegado a São Paulo com o intuito de criar raízes, o são-roquense Ulisses é recepcionado pela bela paulistana Diana e depois de algumas palavras trocadas, ambos parecem pertencer ao mesmo gentílico. Em seguida ele conheceria o simpático casal formado por Daniella e Santino, o qual lhe renderia de imediato confiança e suspicácia em um breve futuro. Ao conhecer o seminarista Eliel e sua irmã Aline, o novo morador da capital se viu cercado de religiosidade e teve em seu novo escudeiro, o equilíbrio necessário para se estabelecer entre a vida carnal e a espiritual. Com uma base de amigos bem sólida, Ulisses ofereceu uma festa, e a utilizou como cartão de visitas a novos companheiros. Wilians Baptis seleciona bem os seus personagens de forma que todos criam vínculos com o paladino oriundo da cidade de São Roque. Entre eles estão a linda negra Emiliana, o viúvo e justo Héctor, a desleal dupla composta por Amanda e Moacir, e outros de muita relevância. Wilians Baptis pretende se desorientar em sua autoria para dar coerência aos despudores necessários de um utopista de sonhos alheios. Valet de chambre é uma história de sonhos que retrata a vida e sua dura rotina real.