O veganismo é aqui definido como uma ideologia, como um movimento por justiça social e ambiental, cuja espinha dorsal é o antiespecismo. Seu caráter interseccional não lhe permite deixar de fora do seu campo de visão e atuação outras lutas anti-opressão. Por isso, pelo seu caráter radical, a escolha pela adoção do modo de vida vegano exige deliberação, exige um pensar, uma reflexão prévia. A mudança radical no modo de viver exige coragem e prudência, e um forte senso de justiça, algo que não se alcança sem reflexão. Para entender o veganismo como uma escolha deliberada, é preciso compreender o melhor possível o conceito aristotélico de escolha deliberada. O veganismo como escolha deliberada, uma decisão voluntária, depende unicamente do agente moral, pois é algo possível, e só se escolhe deliberadamente sobre o possível. É possível nutrir-se bem sem proteína animalizada; é possível divertir-se sem que para isso outro animal seja sequestrado, confinado e torturado; é possível produzir ciência sem torturar outras espécies; é possível cultuar qualquer divindade sem matar outro ser senciente; é possível vestir-se bem e confortável sem que para isso outros animais tenham suas coberturas naturais arrancadas à faca ou a navalha.