"É nesta pequena coletânea de poemas que se revela por inteiro o talento de Rita Velosa, na expressão de seu amor à natureza, da angústia perante a finitude que nos desafia a cada dia de nossa existência, de espantos, de busca de explicações para o inexplicável, que é esta vida, este mundo. Poemas ditados pela fina sensibilidade da grande poeta que ela é, pela sua rica vivência e observação, poemas nos quais nos encontramos todos, toda a humanidade. Nos versos primorosos, também a denúncia da violência sob as mais diversas formas, desmandos, opressão, carência, abandono... Expressão ainda dos temores e preocupações que são dela e são nossos, com a natureza, com a crescente solidão humana, fruto da tecnologia, enquanto alienadora do homem; dos sentimentos e emoções de cada dia, angústia, tristeza, temor, saudade, desamor, mas também alegria, paixão, expectativa, esperança... A vida escorrendo entre luzes e sombras, conforme disse o Buda. Como afirmou o lingüista russo Bacthin, a linguagem não é apenas o simples instrumento de comunicação social. É muito mais. É uma forma de interação social. Lendo Ventos Passantes, constatamos ser ela também um rico instrumento de interação emocional, como, quando lemos este pequeno poema da Rita:'É Natal: hora da Santa-Ceia. Os ricos bêbados e de barriga cheia. Os pobres embaixo da ponte, Olhando a lua cheia... E Cristo? De costas! Para não ver a triste cena'." - Escritora Maria A. S. Coquemala