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Sinopse
Vertigens
despejam as suas imagens a partir de uma erótica que mama de vários leites estrangeiros e, centralmente, da poesia como estrangeira da língua, ou da poesia entendida como exercício de “exílio” da prosa. O resultado: um português gozosamente inventado e, portanto, desencaixado de todo imaginário de correção e regionalização, dúctil para acompanhar a fluência de cenas de uma corporalidade fugidia e nua. Poderíamos nos perguntar se, em
Vertigens
, os corpos são a língua (puro imaginário) e os corpos habitados pelo desejo a poesia, mas a vertigem está aqui precisamente na nunca tornada ilusão de movimento, na imobilidade de um corpo que vê-se, contudo, sacudido pelo movimento,
tropo
, da metáfora. Então: nada de respostas, nada (o quase nada) de enredo ou de intrigas. A sucessão de instantâneas, os veintinove “pedaços” que compõem este livro, bem poderão conformar uma fita (caprichosamente numerada) mas não irão conformar nenhum filme, nenhuma história, senão mais bem a reminiscência onírica de restos de historias sobre as quais o narrador arrisca – por momentos – possibilidades de reflexão. Nesse atravessar, descobrimos sim, algumas obsessões: a mulher, as mulheres, a escrita, as escritas, a língua, as línguas e, sintomaticamente, o leite (na sua dupla conotação – tão riopratense – de semente e de nutriente); isto tudo em espaços fronteiriços, vislumbres de cidades e de bordas da mata, quartos de hotel barato pelos que cruzam personagens nada prototípicos e condenados sempre ao olho cru de um narrador/demiurgo eminentemente visual e
voyeur
; um narrador que longe de todo lirismo melancólico parece cultuar a felicidade de se travestir em
flaneur
de seu próprio e marginal aleph. Fita e não filme,
Vertigens
opera então, nas caminhadas desse olho algo reflexivo, certa persistência, um
ritornello
pelo qual o antropofágico final poderia se colar ao inicio, como se nada finalmente tivesse acontecido e a instantaneidade da imagem ganhasse da progressão da prosa, pois sempre houve aqui menos uma amalgama que uma luta amorosa, o impossível acasalamento ou copula do corpo e da letra, impossibilidade que impulsiona o desejo e que convoca não só (algo neobarrocamente) os materiais escorregadios (lesma, salivas, geleias) que neste percurso (ao gosto do leitor) vamos tocando, mas principalmente a própria língua, fluida e aberta a um dizer poético do mundo.
Pablo Gasparini
Professor de literatura
hispano-americana da FFLCH-USP
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9788573214680 |
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Pré venda | Não |
Biografia do autor | Wilson Alves-Bezerra é um poeta, escritor e tradutor brasileiro. Graduado em Letras pela USP, é doutor em Literatura Comparada pela UERJ. Sua tese de doutorado, Da clínica do desejo a sua escrita, foi publicada em 2012. Traduziu obras de Horacio Quiroga, Alfonsina Storni e Luis Gusmán. |
Peso | 100g |
Autor para link | ALVES-BEZERRA WILSON |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 19 x 14 x 2 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 72 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2021 |
Código Interno | 761462 |
Código de barras | 9788573214680 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | ALVES-BEZERRA, WILSON |
Editora | ILUMINURAS |
Sob encomenda | Não |