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    VIDAS E DOUTRINAS DOS FILÓSOFOS ILUSTRES

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    Sinopse

    Na subscrição dos manuscritos mais antigos o título da obra aparece como sendo Coleção das Vidas e das Doutrinas dos Filósofos, em Dez Livros. Em outros manuscritos, a subscrição é: Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres e Dogmas de cada Escola, em Dez Livros, além do título mais curto de Vidas dos Filósofos.
    A intenção de Diôgenes Laêrtios é apresentar os principais pensadores gregos, tanto os “sábios” mais antigos quanto os filósofos propriamente ditos. Antes da obra de nosso autor já haviam sido escritos numerosos livros do mesmo gênero, de muitos dos quais ele faz transcrições e citações, porém, somente sua obra conservou-se.
    Embora sejam poucas as alusões de escritores posteriores a esta obra, podemos, de certo modo, seguir seu caminho. No século VI de nossa era, Stêfanos de Bizântion cita três vezes as Vidas. Fótios, patriarca de Constantinopla em 858-867 e 878-886, diz-nos que Sôpatros, mencionado no início desta introdução, referiu-se às Vidas. Há outras menções a elas no Léxico de Suídas (ou, segundo autores modernos, a Suda), baseado em parte na obra congênere de Hesíquios de Míletos (final do século VI); Eustátios e Tzetzes (século XII) também aludem às Vidas.
    A notícia seguinte já vem do Ocidente europeu. No século XIII, época do apogeu da Escolástica, as primeiras traduções latinas de Aristóteles despertaram a curiosidade dos leitores em relação a outros filósofos mencionados pelo estagirita. Um inglês, Walter de Burleigh (1275-1357), discípulo de Duns Scotus, esforçou-se por satisfazer essa curiosidade escrevendo uma obra em latim, De Vita et Moribus Philosophorum, inspirada principalmente numa suposta tradução das Vidas de Diôgenes Laêrtios por Enricus Aristippus (século XII?). Na Renascença, já no século XV, veio a público uma tradução latina feita por Ambrosius Traversarius, e meio século mais tarde foi impresso, em Basileia, o texto grego. A obra de nosso autor suscitou extraordinário interesse, recebendo atenção entusiástica, entre outras de Montaigne. Para citar somente os mais ilustres, Casaubon, Henri Estienne, Ménage e Gassendi a editaram e comentaram. As primeiras histórias da Filosofia, publicadas nessa época, eram pouco mais que adaptações e ampliações das Vidas. Os editores da Antologia Palatina e de seu apêndice aproveitaram-se de epigramas, e os compiladores das primeiras coleções dos fragmentos dos poetas cômicos gregos utilizaram muito material contido em Diôgenes Laêrtios. Apareceram separadas das epístolas e fragmentos de Epícuros (Livro X), uma das partes mais valiosas da obra.
    Não escapará ao leitor atento o fato de as Vidas serem, antes de tudo, a obra de um compilador incansável, a ponto de não perceber que se aplicava perfeitamente a ele mesmo a observado de Apolôdoros de Atenas em relação a Crísipos, reproduzida pelo próprio Diôgenes Laêrtios: “Se tirássemos das obras de Crísipos todas as citações alheias, suas páginas ficariam em branco” (Livro VII, § 181). A princípio, entretanto, não é fácil perceber tudo que é transcrição na obra, pois as referências incontáveis levam a pensar em erudição, mas, baseados em critérios estilísticos e outros, logo notamos que quase todas elas provêm de autores mais antigos, que Diôgenes Laêrtios reproduz, seja diretamente, seja por meio de compiladores intermediários. Não é possível determinar com certeza e precisão quantas das centenas de fontes (cerca de duzentas) ele próprio leu. Pode-se, todavia, supor com bons fundamentos que Diôgenes Laêrtios leu os compiladores mais famosos — por exemplo, Hêrmipos, Sotíon, Demétrios de Magnesia e Apolôdoros, por ele citados abundantemente.
    É óbvia sua falta de espírito crítico em relação às fontes, o que não é de admirar, pois essa carência é característica de sua época. Ele aceita a lenda dos Sete Sábios, com sua troca de visitas e cartas protocolares, e reproduz ingenuamente as afirmações mais absurdas constantes das obras dos compiladores precedentes, sem estabelecer sequer uma hierarquia das fontes e sem a mínima preocupação com a coerência, como acontece no caso da inserção de notas marginais (escólios) num contexto onde a intrusão salta aos olhos (principalmente no Livro X, onde tais intrusões abundam).
    Notam-se, igualmente, equívocos decorrentes da utilização negligente de grande número de transcrições, a ponto de algumas terem ido encaixar-se numa Vida errada — por exemplo, no § 1 do Livro II atribui-se a Anaxímandros uma descoberta de Anaxagoras, além da confusão de Arquêlaos com Anaxagoras, de Xenofanes com Xenofon e de Protagoras com Demôcritos.
    Na realidade, as Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres muitas vezes são mais uma história dos filósofos que uma história da filosofia, e pertencem mais à literatura que à própria filosofia. Mas, sua importância e seu interesse talvez sejam ainda maiores porque aparece pouco do próprio autor na obra, onde, em geral, ele reproduz exatamente o que está sob seus olhos nas fontes de que se serve. E na comparação que podemo

    Ficha Técnica

    Especificações

    ISBN9786586224559
    Pré vendaNão
    Peso628g
    Autor para link
    Livro disponível - pronta entregaSim
    Dimensões23 x 16 x 2
    IdiomaPortuguês
    Tipo itemLivro Nacional
    Número de páginas528
    Número da edição1ª EDIÇÃO - 2024
    Código Interno1104953
    Código de barras9786586224559
    AcabamentoBROCHURA
    AutorLAERTIUS, DIOGENES
    EditoraMADAMU **
    Sob encomendaNão

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