Uma das muitas histórias de heroísmo que permanecem pouco conhecidas 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial é a dos que ajudaram a nata da intelectualidade européia da época a fugir da Europa para os países norte-americanos. O trabalho de um grupo de americanos, liderados pelo jornalista Varian Fry, que salvou as vidas de alguns dos mais notáveis pensadores da época, como o surrealista André Breton e o pintor Marc Chagall, é lembrado em Villa Air-Bel, 1940. No livro, a escritora canadenseRosemary Sullivan faz uma minuciosa reconstituição do período de em que alguns desses refugiados ilustres ficaram hospedados, com suas famílias, em um casarão nos arredores da cidade francesa de Marselha, à espera do momento mais apropriado para deixarem a Europa. Baseada em relatos biográficos dos que viveram na Villa Air-Bel, Rosemary Sullivan retrata o ambiente irreverente e provocador que os artistas criaram na propriedade, apesar da tensão e do constante temor das inspeções policiais. A determinação de Varian Fry, concentrado em sua missão, contrastava com o comportamento libertário e exuberante dos artistas, que organizavam festas, mesmo lamentando deixar tudo o que haviam acumulado em vida para trás. A vida afetiva dos casais tambémé descrita por Rosemary, que entrevistou pessoalmente a artista plástica Leonora Carrington, uma das poucas moradoras da Villa que ainda está viva. Leonora, que era companheira de Max Ernst, foi uma das que teve o relacionamento desfeito durante a época em que morava em Marselha, quando o pintor se apaixonou pela milionária americana Peggy Guggenheim, que também ajudava financeiramente o grupo, desfeito quando Varian Fry foi deportado para os Estados Unidos, em setembro de 1941. Graças a seus esforços, conseguiram escapar dos nazistas nomes como o prêmio Nobel de Química Otto Meyerhoff, os pintores Marcel Duchamp e Wilfredo Lam, o escultor Jacques Lipschitz, os escritores Heinrich Mann, Victor Serge e Lion Feuchtwanger.