A violência obstétrica, prática comum nos hospitais e maternidades brasileiros, é toda a ação que atenta contra a dignidade e integridade da mulher durante a gestação, parto e puerpério. A obra buscou responder se, no Brasil, as intervenções obstétricas são pautadas em ciência ou nas crenças internalizadas acerca do papel social das mulheres na reprodução. Para isso, no primeiro capítulo, a autora contextualizou a incidência da violência obstétrica no Brasil, considerando o índice de mortalidade materna e as sequelas da má assistência ao parto. No segundo capítulo, a obra discutiu as íntimas imbricações entre os sistemas de dominação exploração racista, capitalista e patriarcal, bem como construiu um conceito de habitus patriarcal (a internalização e aceitação, como verdade, nas crenças sociais acerca dos papéis designados às reprodutoras ). Por fim, foi analisado se as práticas assistenciais desatualizadas, aplicadas rotineiramente nos partos das brasileiras, se fundamentam em ciência ou no habitus patriarcal. O trabalho observou que muitas das práticas de assistência ao parto não possuem eficácia científica, e nesses casos, a internalização das crenças acerca do destino biológico das fêmeas humanas parece importar mais do que as evidências científicas.