A oração parece ser essencialmente uma tensão do espírito frente ao substractum imaterial do mundo. De maneira geral, consiste numa queixa, num grito de angústia, num pedido de socorro e, por vezes, numa serena contemplação do princípio imanente e transcendente de todas as coisas. Podemos também defini-la como uma elevação da alma até Deus ou como um ato de amor e adoração para com aquele a quem se deve esta maravilha a que se chama vida. De fato, a oração representa o esforço do homem para comunicar-se com um ser invisível, criador de tudo o que existe, suprema sabedoria, força e beleza, pai e salvador de cada um de nós. Longe de consistir numa simples recitação de fórmulas, a verdadeira oração representa um estado místico em que a consciência se absorve em Deus. Esse estado não é de natureza intelectual e, por isso, conserva-se inacessível aos filósofos e sábios, da mesma forma que o sentido do belo e do amor não exige nenhum conhecimento livresco. As almas simples sentem Deus tão naturalmente como sentem o calor do sol ou o perfume de uma flor: mas esse Deus, tão abordável para aquele que o sabe amar, oculta-se àquele que não o sabe compreender. O pensamento e a palavra sentem-se impotentes para o descrever. E é por isso que a oração encontra a sua mais alta expressão num arroubo de amor através da noite escura da inteligência.