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Sinopse
Se supostamente há na poesia brasileira dos últimos anos uma virada às questões do cotidiano, e uma limitação de seu cenário ao ambiente da casa, a poesia de Carla Diacov, apesar de também tomar esses elementos, consegue escapar de qualquer intromissão do lugar comum. Em Voa baixo & dorme, o oitavo livro de uma das vozes mais produtiva da atual safra poética, Diacov reafirma sua proposta ao tratar o que chamamos de “cotidiano” a partir de sua ótica do absurdo. Nesse movimento, a poeta coloca em tensão principalmente o que tende a ser homogeneizado como uma vivência única da realidade na leitura do atual cenário literário do Brasil. O cotidiano está presente, claro, mas diferente do que a maioria consegue enxergar, como é próprio da linguagem poética. E é retorcendo as fronteiras da normalidade que a poeta nos entrega um dos programas mais interessantes das últimas décadas — que por vezes choca e surpreende justamente por seu caráter contra-hegemônico, mas ao mesmo tempo fascina por nos entregar a novidade e o espanto.
Nada nos prepara para Carla Diacov. Mesmo os leitores que já acompanham sua trajetória na escrita há alguns anos estão cientes que entrar em um novo trabalho da artista é lidar com surpresas, como se uma renovação estivesse em curso constante a cada livro que é lançado. Não é diferente o que ela nos entrega agora com Voa baixo & dorme, livro no qual nós nunca estaremos preparados para entrar (por isso ele precisa ser lido mais de uma, mais de dezenas de vezes) e, com certeza, do qual nunca saberemos como iremos sair. Ao manter sua estrutura de projeto, as seções que dividem o livro abordam alguns temas que, embora trabalhados em maior ou menor medida em outros livros, soam ainda inéditos, como o amor (mas não esperemos disso clássicos poemas românticos) e a memória (mas não esperemos disso um diário de recordações). Soma-se a isso também seu labirinto semântico e sintático, que é capaz de nos fazer duvidar até mesmo de nossa própria linguagem, porque, com maestria, Diacov nos ensina que o que está fora da língua é uma coisa que não se prende, e o que aparece nos poemas é uma coisa que é quase, e “é ao quase que devemos / nos agarrar / e puxar para uma última dança”.
Nada supera Carla Diacov, e isso não quer dizer que não existe um espaço além do que o escrito por sua poesia. Ele não só existe, como é construído e realçado pouco a pouco, à medida que entramos, seduzidos, capturados, e não conseguimos sair dos seus poemas (ao menos nunca da mesma forma que entramos). Isso porque todos os seus trabalhos pedem também que estejamos em um modo de leitura que se dá além, que é fora do próprio corpo. E tal proposta se realiza ao fazer da língua seu próprio delírio, e ao nos convidar a ler isso com o mesmo encanto que ela se mostra, pois é apenas assim que, conforme convida a poeta, nós e também o mundo “una vez más / estaremos encantados”.
Ficha Técnica
Especificações
ISBN | 9786588750346 |
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Pré venda | Não |
Peso | 206g |
Autor para link | DIACOV CARLA |
Livro disponível - pronta entrega | Sim |
Dimensões | 21 x 14 x 1 |
Idioma | Português |
Tipo item | Livro Nacional |
Número de páginas | 106 |
Número da edição | 1ª EDIÇÃO - 2022 |
Código Interno | 1017198 |
Código de barras | 9786588750346 |
Acabamento | BROCHURA |
Autor | DIACOV, CARLA |
Editora | MACONDO EDIÇOES |
Sob encomenda | Não |