Ler amorosamente as obras, com finura, com inteligência, com conhecimento. Fazer filtrarem-se novas réstias que alertam o olhar. Esta foi a tarefa que Jardel Dias Cavalcanti se deu e que resultou neste livro. Avesso aos grandes esquemas, ele deixa-se fascinar pelas grandes obras e pelos grandes artistas. Aproxima-se, delicado, cuidadoso, amoroso. Nascem então os comentários. Eles como que tomam o leitor pela mão, levando-o a descobrir, a conhecer e a amar. As criações tratadas aqui, em sua maioria, são muito célebres. Constituem uma seqüência de faróis, para empregar a expressão de Baudelaire. Discretamente, os comentários situam, esclarecem e renovam, pelos enfoques, esses monumentos. Contêm frases que ficam na memória: “As mulheres pintadas por Delacroix tinham cabelos selvagens e costas arqueadas”. “Os corpos dos personagens são uma saliência saída da argila, um terreno geológico com acidentes, dobras e cavidades. ”Para quem, conhece as obras, são textos preciosos, e exemplares para quem as descobre. O livro não se limita ao passado. Envereda pela produção contemporânea, com a mesma delicadeza modesta, com o mesmo poder heurístico. Kiefer, Pierre e Gilles, e artistas brasileiros, Egas Francisco, Frabricius Nery, Gerald Thomas –como desenhista–, são visitados e revelados. Que feliz percurso nos traçaram Volúpia e sensibilidade.