O título da biografia diz muito sobre o biografado: um realizador cheio de paixão, cuja inventividade e ousadia em uma Londrina basicamente conservadora marcou sua curta – porém intensa – passagem pela cidade. O livro escrito pelos jornalistas Felipe Melhado, Gabriel Daher e Teixeira Quintiliano dedica-se a reabilitar essa figura fundamental da história cultural londrinense, mas cuja vida e obra são raramente lembradas e pouquíssimo conhecidas das novas gerações.
Diniz: Vida-Obra
Nascido em 1940 em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo, Oswaldo Diniz mudou-se para Londrina no início dos anos 1960. Em um momento em que a cena teatral da cidade começava a fervilhar, seu espírito atirado e o jeito meio punk de produzir arte fizeram dele um dos realizadores mais capazes da cena local. Entre diversas montagens que foram sucesso de público e de crítica, Diniz dirigiu peças transgressoras, revolucionárias para aquela Londrina de modos conservadores, servis, e que então era amplamente favorável à ditadura militar. Entre suas principais realizações estão as montagens de Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, e de O Assalto, de José Vicente. Ambas peças foram vencedoras, em 1968 e 69, das duas primeiras edições do Festival Universitário de Londrina, uma mostra competitiva que daria origem ao celebrado FILO.
No entanto, a imensa popularidade de Diniz na cidade, para além da vida teatral, era devida principalmente à sua atuação na mídia local. Ainda nos anos 1960 ele foi um dos principais nomes da TV Coroados, o Canal 3, primeira emissora de televisão do interior do Brasil. Ao lado do carioca David Conde, nos primórdios da teledramaturgia brasileira, Diniz produzia e dirigia peças que eram encenadas ao vivo na televisão local. Mas foram seus programas musicais que marcaram época na pré-história da TV caipira: Bossa Total, um programa dedicado à MPB que ele apresentava junto de sua irmã Maria Lúcia Diniz, e Ala Jovem, uma espécie de versão local da Jovem Guarda, qu