O que move a voz em cena?
Corpos, discursos, espaços, estéticas, palavras, sons, tecnologias, possibilidades, devir.
A vocalidade em arte revela reflexos de todos estes elementos, e também das relações de poder que estabelecem limites e possibilidades para a sua presença e potência. Este livro traz pistas para a compreensão das relações estéticas, éticas e políticas das vozes em cena, a partir da problematização do binarismo logocêntrico e dos gendramentos das vocalidades no teatro.
Esta obra problematiza relações entre vocalidade e gênero no treinamento de atrizes e atores e na criação atoral no teatro a partir da ideia de desestabilização do binarismo logocêntrico (homem versus mulher) da representação de gênero em cena através do corpo vocal. Visando investigar esta questão, esta obra mapeia pistas interdisciplinares que apontam para gendramentos, dissonâncias e queerizações de corpos vocais em performance. Adota-se o termo corpo vocal, principalmente a partir da filósofa Adriana Cavarero, para se fazer referência à integridade psicofísica entre corpo e voz. Nas Teorias de Gênero, o queer diz respeito a uma ação de não fixação de identidades, a entre-lugares dissonantes de gênero. A busca da queerização do corpo vocal no processo de criação da peça Pequeno Manual de Inapropriações visou corporificar as pistas teóricas desta pesquisa na prática teatral.