Uma das características da língua japonesa é a de apresentar fortes marcas de elementos discursivos. Assim as profusas formas de atenuação da fala que têm sido muitas vezes apontadas como um fator que oblitera a clareza das ideias veiculadas quando são, antes, uma prática sociocultural passando pelo veio da língua. Da mesma forma as diversas expressões de tratamento que, embora sigam princípios de uso, privilegiam o contexto em que se dá o discurso ditado pela relação locutor/interlocutor. O mérito maior do trabalho apresentado por Yuki Mukai neste livro é o de ter demonstrado que as partículas wa e ga, usualmente consideradas em seus aspectos morfossintáticos, também comportam esses discursivos na medida em que “a escolha no uso entre a partícula wa e ga depende não apenas da estrutura sintática, conteúdo semântico, fluxo e co-texto/contexto do texto/discurso, mas principalmente das características psico-pragmáticas”. O autor faz um belo trabalho de retomada de toda a epistemologia pertinente para construir sua argumentação, sem deixar de lançar um olhar atencioso para questões de ensino dessas partículas que, como o autor diz na Introdução, que “quem está sentindo tais dificuldades (de uso de wa e ga), na realidade, não são apenas alunos, mas também professores da língua japonesa”. Portanto, este livro atende não só a especialistas em estudos linguísticos, mormente do japonês, que busquem fundamentos teóricos referentes a partículas desta língua, como também a aprendizes e professores de língua japonesa que podem aqui encontrar ferramentas que os ajudem a usar com maior eficácia e precisão as referidas partículas. Profa. Dra. Tae Suzuki - Universidade de Brasília