Raul Lody é um autor bastante conhecido pelo público interessado na cultura afro-brasileira. Como antropólogo, destaca se pela seriedade de seu trabalho e pelo rigor de suas pesquisas. Mas Lody é muito mais que isso. Seu universo de atividades não se limita ao mundo acadêmico. Basta folhear suas obras para constatar isso. Ao divulgar o resultado de seus estudos, Lody não utiliza um jargão hermético. Ao contrário, escreve para os brasileiros comuns que, assim, podem compartilhar com ele a posição de sujeitos de uma cultura. Em seus livros infantis, dá às lendas de origem africana o mesmo status dos contos compilados por famosos autores europeus. Ele também cria ilustrações para suas obras que recuperam a estética de raiz africana, permitindo que o leitor forme uma imagem daquele universo ancestral não distorcida pelos padrões visuais de origem europeia. No momento em que o Opô Afonjá completa 100 anos, Lody propõe-se homenageá-lo escrevendo sobre Xangô, o orixá patrono da casa. Como a própria vida desse orixá, tão cheia de idas e vindas, Lody compõe um grande mosaico em que fala de antigos povos africanos em seus tempos míticos, dos gostos de Xangô, suas roupas, suas comidas, suas danças, suas festas... Só resta convidar o leitor a mergulhar nesse mundo, vermelho como o fogo, como o dendê, como o raio e como a paixão, que é o próprio jeito de ser de Xangô.